Movimento woke: entenda o seu significado!

Movimento woke e sua relação política, cultural e econômica

O despertar de uma nova consciência frente às desigualdades sociais é o que define este movimento.

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movimento woke
Fonte: Freepik

“Desperto”. Este é o sentido mais conhecido para o termo e movimento Woke. Para entender melhor este movimento, devemos voltar um pouco no tempo. Na década anterior, muitos jovens progressistas se rebelaram contra os efeitos provenientes da Grande Recessão.

Assim, munidos com a teoria das desigualdades econômicas, de Thomas Piketty, foram às ruas protestar contra os mais riscos. Hoje, os jovens são woke, aqueles com consciência de classe e preocupados com as desigualdades de raça e gênero.

A origem do termo ‘woke’ remonta a luta afro-americana contra o preconceito racial. Mas, aos poucos, ganhou mais espaços dentro da política progressista em prol da inclusão de pautas de gênero e identidade de gênero. Portanto, a ideia seria estar desperto para as injustiças raciais, sociais e de gênero que cerceiam o mundo.

Assim, os homicídios de homens negros por policiais, que ganharam expressividade na internet por volta de 2010, foram fundamentais para se pensar na desigualdade social das ruas nas salas de aula. Além disso, os assassinatos de pessoas trans começaram a ganhar repercussão, mostrando que a pauta dos direitos de pessoas transgêneros merecia atenção.

Não demorou muito para que os departamentos de Sociologia, Letras, Direito e Filosofia voltassem uma parte de seus estudos para pautas de raça e gênero. Desse modo, disciplinas voltadas para teoria crítica de raça e teoria queer passaram a ganhar mais expressividade.

Insatisfação política em relação à cultura do cancelamento

Por outro lado, a direita passou a se apropriar do termo ‘woke’ não como um sentido positivo, mas pejorativo. Assim, o termo começou a ser usado contra as políticas de raça e gênero.

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Atualmente, os ativistas woke se indignam com palavras que podem acarretar muitas polêmicas e controvérsias. E aqui o relativismo escoa. Isso porque qualquer termo polêmico pode causar um cancelamento imediato do indivíduo que o usa, sendo este inafiançável.

Esse radicalismo como resposta a discursos e condutas problemáticas acaba por considerar o indivíduo que assim age como imoral.

Daqui se segue uma brecha para políticos conservadores se valerem de críticas ao movimento woke. Como se a cultura do cancelamento ferisse os seus próprios princípios morais. Afinal, para eles, tudo seria possível de reprovação e cancelamento na visão dos jovens progressistas, o que engendraria um atentado contra a liberdade de expressão.

Movimento woke e a luta contra a desigualdade

A desigualdade social e as opressões sofridas pelos grupos às margens da sociedade tem sido o foco do movimento woke.

Não faz muito tempo que a escritora de Harry Potter J. K. Rowling foi cancelada devido às suas diversas falas de cunho transfóbico. Para muitos jovens engajados com as lutas sociais, os discursos da escritora nas redes sociais potencializam as violências simbólicas e físicas às pessoas trans.

Devemos lembrar que pessoas transgênero são alvo de diversos discursos de ódio e agressões físicas e morais. Aliás, é de ciência de todos que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo todo.

Por outro lado, é um país que possui um fandom de Harry Potter muito grande. Isso traz uma preocupação para os ativistas quanto a representatividade polêmica de Rowling.

O meme ‘Karen’ e o debate racial

Percebemos que no movimento woke a percepção do feminismo é tratada de acordo com interseccionalidades, considerando prioridade os indivíduos mais estigmatizados socialmente.

Por exemplo, o meme de ‘Karen’ representa a mulher branca, classe média e que está acostumada com seus privilégios sociais. Essa representação foi uma forma encontrada, sobretudo por americanos negros, de satirizarem um comportamento hostil e racista recebido por mulheres brancas.

Como no caso da mulher branca que foi reclamar para a polícia de uma criança que estava vendendo água e recebeu o apelido de ‘Permit Patty’. Já outra, que ligou para a polícia porque uma família negra estava fazendo churrasco, foi satirizada como ‘BBQ Becky’. Aos poucos, estas alcunhas irônicas foram reduzidas a ‘Karen’, sendo a sua versão masculina ‘Ken’.

Talvez o episódio mais conhecido que tenha chamado a atenção dos ativistas do movimento woke, tenha sido o de Christian Cooper. O jovem estava no Central Park quando avistou Amy Cooper com seu cachorro sem coleira em um ambiente de uso obrigatório.

Ele solicitou que ela usasse a coleira no cão, mas a sua conduta foi de ligar para a polícia e dizer que o homem afro-americano estaria ameaçando a sua vida. O fato foi filmado e postado nas redes, fazendo com que Amy Cooper fosse apelidada de “Central Park Karen”.

Neste mesmo dia, um outro fato chocou o mundo. Em Minneapolis, George Floyd foi brutalmente assassinado por policiais. Não demorou para que as pessoas relacionassem os atos racistas por trás do meme ‘karen’ ao racismo estrutural e violência policial contra pessoas negras

É a partir desses casos que os ativistas do movimento woke estão se mobilizando socialmente e politicamente nos EUA. Mas a força deste movimento e dos contramovimentos que possam vir a surgir dependerá de um proveito da indignação moral para promoção de mudanças substanciais.

Woke e o capitalismo

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Fonte: Reprodução/Gillette

Além do âmbito político, muitas empresas estão sendo criticadas pelo apoio que estão dando ao movimento woke. Um exemplo disso foi a Gillette. A empresa sofreu um boicote em 2019 após criticar comportamentos masculinos sexistas e tóxicos em uma propaganda intitulada “o melhor que os homens podem ser”.

Embora tenha sido bem-vista por muitos, a propaganda fez com que a empresa sofresse um golpe econômico. Desse modo, a direita conservadora criou um meme para ironizar o comercial: “Get woke, go broke”, algo como: “vire woke, vá à falência”.

A Disney também não ficou de fora dessa. Após escolher uma atriz negra para o live-action de A Pequena Sereia, a empresa sofreu muitas críticas. Na versão original, Ariel é uma princesa branca de olhos claros, o que trouxe a insatisfação de alguns conservadores, que acusaram a Disney de “fazer ativismo woke”.

Em contrapartida, muitos ativistas elogiaram a ação, uma vez que esta seria uma forma de dar espaço a representatividade a pessoas historicamente e socialmente invisibilizadas.

Gabriel Mello

Mestre em Filosofia e doutorando em Letras. Especialista em SEO, atua há 3 anos com planejamento, produção e revisão textual, garantindo a entrega de um conteúdo relevante e de impacto para e-commerce e e-business.

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